terça-feira, 14 de junho de 2011

LINDO TEXTO PARA REFLEXÃO

Todo mundo na minha família é adotado. Eu fui adotada logo que nasci, cheguei numa casa de jornalista com professora, comunicação pura e deve ser por isso que eu falo e escrevo tanto. Alguns anos depois a família adotou o Aleks, um negão lindo e tão companheiro que deve ter uns dez sobrenomes, tamanha a família que ele construiu com a gente. Desde sempre me lembro dele na minha vida, até mais que de mim mesma. Junto com ele adotamos três irmãos diferentes uns dos outros, mas que são tão adotados quanto outros familiares meus. João, Gabriel e Bruno. Tão em família que o Bruno namora hoje com a Paula, minha prima maior companheira de infância que foi adotada por inerência, de tanto que a gente convivia. Hoje não vive tão por perto, mais a adoto toda vez que nos encontramos, como numa tarde que ela veio aqui em casa gastar tempo comigo e com minha filha, esta que adotei há quase sete anos.

Ufa, faz tanto tempo e eu nem percebo que tudo isso já passou não fosse pela caligrafia caprichada e questionamentos maduros, mesmo que ainda verdinhos, da pequena que adoto todas as manhãs ao abrir os olhos e constatar que a adotei de verdade mesmo, que não é sonho uma fada princesa linda como esta em minha rotina. Adotei há tempos também uma outra filha, que já foi amiga, que já foi irmã e que hoje se resume em mulher da minha vida. Gabriela, uma flor maravilhosa que desabrochou em mim outras tantas adoções tão especiais que eu questiono se mereço. Foi Ana, que trouxe Mariana, que trouxe Cahe, que trouxe Fritz que trouxe interpretação de adoção familiar muito maior que minha compreensão. Fui adotada pelas tias Nassifas, uma a uma, desde sempre. E a cada conversa, cada telefonema, cada beijo de tia turca sou mais adotada ainda por esta família que é minha, só minha e tão minha que ensinou a adotar direitinho. Adotei com paixão primeira da existência a Luizinha, minha irmã que divide o teto hoje. Luizinha é tão peculiar que mora dentro do armário. Deve ser pra imitar a Polegarzinha, uma forte anãzinha amiga do Pequeno Polegar, lembra? Luizinha foi adotada a duras penas, ela se faz de difícil e é dura na queda. E então sigo adotando a graciosa a cada dia, com jantarzinho, sopinha, colinho, tento mostrar pra ela que de doce mesmo na vida só tem açúcar, mas que açúcar é boa companhia até mesmo pro amargo do dia-a-dia. Fui adotada também por amigos e amigas, das tias, dos primos, amigos que se foram pra bem longe, adotada por uma rede, ou algumas redes e então da teia de adoções formaram-se outras redes mais amplas e íntimas e pronto. Acabei adotando duas irmãs mais novas que a irmã mais nova, e adotei tantas séries repetidas de vezes que Beatriz e Dora devem ser recordistas em adoções realizadas. Adotei junto com estas adoções todas meios de me conhecer a de reconhecer adoções de segundos, terceiros e quartos. E a Vera, minha mãe morena, que me faz adotar e me adota todos os dias, por orkut ou via telefone, quando ri ou quando chora e que de brinde deu mais quatro adotadores adotados que são chamados de primos mas que são vida. E cada um desses primos adotou um tanto de mim, e quando eu adotei a Clara eles adotaram junto, e quando a gente se sente pouco adotada é só correr pra lá que se adota tudo de novo. Madrinha também me adotou, e hoje a adoto todas as horas no meu jeito de ser. E a Fernanda, a que foi pra Londres ser feliz, me ensinou a adotar tanto e quanto sei adotar hoje, de um jeito sincero e extremamente adotivo. Assim. Se ainda não sacou o que é adotar, uso uma frase-chavão que define: adoção é um ato de amor. Adoto. E vou sempre adotar, que coisa mais linda no mundo não tem quem me mostre existir. E fim.
autora identificada apenas como Mari no http://afamiliacresceu.com.br/2008/05/adocao.php


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